O gesto que ninguém viu, mas que mudou tudo

Era fim de tarde no escritório. A maioria já havia ido embora. As luzes frias refletiam nos vidros e o
ar-condicionado zumbia com um som quase hipnótico. Carlos, o auxiliar administrativo, ainda
estava ali. Ninguém repara muito em Carlos. Ele é daqueles que fazem tudo funcionar sem alarde.
Silencioso, atento, constante.
Naquele dia, ao passar pelo setor de planejamento, viu que a mesa de Jorge estava do mesmo jeito
desde a manhã. Jorge não aparecera. Alguém disse, sem muitos detalhes, que ele estava internado.
Carlos não perguntou mais nada. Apenas parou por alguns segundos diante da mesa. Caneca de café
pela metade, papéis espalhados, um post-it com a palavra “URGENTE” colado na tela do monitor.
Sem dizer nada, Carlos voltou para sua sala, pegou um pano limpo, uma garrafinha de álcool, e
voltou. Apagou a tela do computador, tirou os papéis, organizou-os em uma pasta. Enxugou o que
restava na caneca e deixou-a virada sobre um guardanapo. Por fim, pegou uma pequena flor do
jardim do pátio e colocou num copinho de vidro.
Ninguém viu. Nem comentou. Ninguém saberia.
Mas quando Jorge retornou, uma semana depois, ele parou diante da mesa e ficou em silêncio por
longos minutos. Os olhos marejados, as mãos pousadas devagar sobre o tampo de madeira. Não
perguntou quem havia feito. Apenas sentou. E respirou fundo. Como quem volta ao mundo.
Dias depois, sem que Carlos soubesse, Jorge recusou uma proposta de transferência para outro setor.
Dissera ao chefe: “Tem coisas que seguram a gente num lugar. Mesmo que a gente não saiba
explicar o que.”
A cena é simples. Um gesto pequeno, invisível aos olhos da pressa. Mas profundamente carregado
de intenção.
Essa ética do fazer sem alarde é o que o PGV (Patronato da Genética Viva), ligado ao PRÓVIDA, propõe como princípio de transformação silenciosa. Realizar o bem sem precisar ser
reconhecido, como quem compreende que a verdadeira mudança não precisa de holofote.
No Sagrado de Cada Dia, esse gesto também é espiritual: é a consciência que se move, sem nome,
sem vanglória, sem ruído.
Porque às vezes, é justamente o que ninguém viu… que mudou tudo.

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