“Não se trata de ir ao encontro do sagrado. Trata-se de deixar que ele nos encontre onde estamos.”
— Inspirado no pensamento de Celso Charuri
Era só mais uma manhã. Uma entre tantas.
A chaleira fazia seu som habitual, a luz entrava pela fresta da cortina, e o relógio marcava a pressa que ninguém
mais queria viver.
Ele, um homem simples, calado, com os olhos mais atentos do que parecia, se levantou, pegou uma toalha
velha que ficava atrás da porta e foi até o quintal.
Ali, enxugou o orvalho das cadeiras de ferro. Não havia visita. Ninguém viria.
Mas ainda assim, ele preparou o espaço. Como quem espera algo que não se pode nomear.
Essa cena, tão comum, carrega uma chave oculta.
Ela nos lembra de algo que Celso Charuri dizia com outro vocabulário, mas com a mesma essência:
“A vida não é para ser suportada, é para ser despertada.”
O que acontece quando não fugimos do instante?
Na pressa, passamos por cima do chão como quem não pisa.
Mas no instante em que se para, quando se enxuga o orvalho de uma cadeira que ninguém vai usar — algo se
revela.
Talvez uma memória. Talvez um amor antigo. Talvez uma presença que você nunca soube nomear.
E então você se dá conta de que o sagrado não vem de fora.
Ele emerge de dentro.
Charuri e a sabedoria do cotidiano
Celso não fundou uma religião.
Ele plantou sementes de consciência.
Não ensinava o que pensar, mas como pensar.
Mostrava que a verdadeira evolução não está em doutrinas, mas no despertar silencioso daquilo que já somos.
Assim também vive o Sagrado de Cada Dia:
Entre a louça na pia e a carta esquecida.
Entre o medo que volta e o gesto que acolhe.
É nesse chão — real, sujo, terno — que a luz se manifesta.
O ordinário como templo
Ele terminou de secar a cadeira.
Sentou.
E sem perceber, estava orando.
Não com palavras.
Mas com presença.
A mesma que transforma o agora em eternidade.
A mesma que não pede explicação, porque a alma já entendeu.
Conclusão: Ser é o verbo mais sagrado
Na filosofia viva de Charuri, não basta entender — é preciso realizar.
No Sagrado de Cada Dia, não basta poetizar — é preciso tocar o chão com os pés da alma.
E talvez o encontro entre esses dois caminhos nos diga o que precisamos lembrar:
Que você não está aqui para apenas passar.
Está aqui para acender.
Para ser inteiro.
Para viver como oração.
Porque o instante que carrega tudo…
É este.
Agora.
E ele te espera com as mãos abertas.