O sussurro da realidade que já é sua

Quando a vida deixa de ser luta e vira dança com o invisível
“Você não precisa conquistar a realidade.
Só precisa sintonizar com a que já vibra o que você é por dentro.”
— Sagrado de Cada Dia
Um novo dia… quase igual
O despertador tocou às 6h14.
Ela abriu os olhos com a mesma lentidão de sempre. Os mesmos ruídos da rua, o mesmo café preto subindo no bule, a mesma janela coberta de névoa e silêncio. Mas havia algo diferente.
Não fora um sonho específico, nem uma notícia no celular. Era como se, de dentro, uma brisa silenciosa dissesse: “algo já mudou — só falta você perceber.”
Era como se aquela manhã comum estivesse revestida por um véu translúcido de possibilidades, esperando que ela o atravessasse com um novo olhar.
O espaço invisível das escolhas
Dizem que todas as realidades possíveis já existem.
Como se o mundo fosse um campo infinito de histórias esperando por leitores. Um livro de vidas, de futuros, de caminhos que só se tornam reais quando você entra neles com o coração em paz.
Ela vinha estudando isso havia semanas — um tal de “Transurfing”, como chamavam. No começo achou estranho, meio viajante, até esotérico demais. Mas, aos poucos, aquilo começou a fazer sentido:
“Você não cria a realidade à força.
Você a acessa — suavemente — como quem sintoniza um rádio.”
Era isso que sentia naquela manhã.
Como se, enfim, estivesse girando o botão da sua existência para outra estação. Mais leve. Mais serena. Mais ela mesma.
O jogo sutil dos pêndulos
No ponto de ônibus, uma discussão estourava entre dois homens.
Ela, que antes entraria no clima, quis apenas respirar. Lembrou do conceito que aprendera: “pêndulos” são estruturas invisíveis que se alimentam do nosso drama.
Se você entra no jogo deles, perde energia, perde foco, perde paz.
Naquela manhã, ela não quis perder nada.
Fez o oposto. Sorriu de leve. Voltou os olhos para uma flor que crescia teimosa na calçada rachada. E então sentiu:
“Acabei de não alimentar um pêndulo.
Escolhi meu campo de realidade.”
Foi um gesto minúsculo. Mas profundamente sagrado.
Porque, pela primeira vez, ela notou sua força invisível de não entrar na vibração errada.
A leveza que permite
Ao longo do dia, pequenos desafios se apresentaram: um cliente grosseiro, um atraso no banco, uma amiga que não respondeu a mensagem.
Mas em todos esses momentos, ela praticou algo novo: reduzir a importância.
Em vez de pensar “isso é horrível” ou “preciso resolver agora”, ela respirava e pensava:
“Não é tão grave.
Não preciso provar nada.
Posso deixar a vida fluir.”
Foi aí que percebeu algo incrível:
Quando parou de querer controlar tudo, as coisas começaram a se encaixar sozinhas.
Um e-mail que ela esperava havia dias chegou.
A amiga ligou no final da tarde.
O problema no banco se resolveu sem esforço.
Era como se o universo tivesse apenas esperado que ela saísse do meio.
O filme que se projeta por dentro
À noite, ao acender o abajur antigo ao lado da cama, ela teve vontade de chorar. Não de tristeza, mas de alívio.
De gratidão silenciosa.
Pegou o caderno onde vinha escrevendo frases soltas e visualizações.
Em uma das páginas, leu a frase:
“A realidade que você deseja já existe.
Sinta como se fosse natural habitá-la.”
Fechou os olhos.
E fez o exercício.
Imaginou sua vida com calma, com alegria, com harmonia nos vínculos.
Não como um desejo futuro, mas como uma frequência real do agora.
Sentiu a cama mais macia.
O corpo mais leve.
A alma mais presente.
A linha de realidade se move
No dia seguinte, algumas coincidências começaram a acontecer.
Coisas pequenas, mas significativas:
• Um livro esquecido na estante caiu com a lombada virada para uma frase que dizia:
“Você não precisa correr atrás do que já está vindo.”
• Um senhor no elevador, do nada, comentou:
“Tem dias que é só deixar a vida te levar, né?”
• E ao sair da farmácia, uma moça deixou cair um papel. Ao devolver, ela viu escrito:
“A leveza atrai milagres.”
Esses recados a fizeram sorrir.
Ela sabia que não eram mágicas.
Eram respostas simbólicas de um mundo que se reorganiza conforme seu interior muda.
Era isso o Transurfing:
Viver de dentro pra fora.
E perceber que a realidade escuta você — mesmo quando você não fala.
O sagrado na sintonia invisível
Ela passou a entender que o sagrado nem sempre se manifesta em grandes milagres.
Às vezes, ele se esconde no simples fato de você não reagir como antes.
De você fazer diferente.
De você sentir paz mesmo quando tudo parece igual.
O sagrado mora nos intervalos.
No silêncio entre os ruídos.
No instante em que você escolhe uma linha de vida mais alinhada com quem você é de verdade.
E aquela mulher comum, com sua janela embaçada e um caderno velho nas mãos, se tornava — sem saber — uma iniciada nas artes invisíveis da realidade.

Por José Ràmmos

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